O ano 2012 aparece como o de maior ocorrência de casamentos já registrados no Estado de São Paulo. Este é o resultado do estudo da Fun­dação Seade que analisou a série histórica de casamentos produzida a partir das informações fornecidas pelos Cartórios de Registro Civil.

A evolução das taxas de nupcialidade do Estado tem sido crescente des­de o início da década de 2000, com pequenas exceções como mostra o Gráfico 1. Em 2012, a taxa de nupcialidade¹ paulista alcançou 6,5 casa­mentos por mil habitantes, acumulando crescimento de 26% neste perío­do. Em termos absolutos, o incremento foi ainda mais intenso: 43%, ao passar de 189.488 para 271.318 casamentos, entre 2000 e 2012.

Alguns fatores concorreram para explicar esse aumento. Bons exemplos são as legalizações de uniões consensuais incentivadas pelo Código Ci­vil Brasileiro, renovado em 2002, e a promoção de casamentos coletivos, que reduzem significativamente os custos da cerimônia.

Os últimos quatro meses do ano são os que mais atraem os paulistas a iniciarem uma união legal, concentrando 41,8% do total de casamentos ocorridos em 2012. Dezembro foi o mês de maior frequência, com 12,5%, apesar de perder 2,5 pontos porcentuais na participação quando comparado a 2000. Setembro, que corresponde ao início da primavera, em 2012 registrou 25.689 casamentos, o que equivale a 6.229 eventos a mais do que o verificado no começo do século XXI, apesar de diminuir proporcionalmente sua participação no total de casamentos no último ano. Agosto, mês carregado de superstições, subiu dois pontos porcen­tuais na preferência, mas ainda mantém o posto de menos atrativo para formalizar uma união legal: apenas 6,2% em 2012.

Gráfico 1

Taxas de nupcialidade

Estado de São Paulo – 2000­-2012

Tradicionalmente conhecido como o “mês das noivas”, desde a década de 1970, maio deixou de ser destaque na preferência dos casais e ocupa agora a 5^a posição, muito próximo ao mês de março, que ganhou maior destaque em 2012 (Gráfico 2).

As preferências por determinados meses obedecem à influência de fatores de ordem socioeconômica, religiosa e cultural próprios de cada população. A maior escolha por dezembro pode ser atribuída a importantes atrativos, como as tradicionais festas de fim de ano, as férias longas de verão e, principalmente, o recebimento do 13^o salário, que ajuda nas despesas da cerimônia de casamento e na montagem do novo lar.

Os paulistas casam­-se cada vez com mais idade, tendência apontada pelo aumento na idade média ao casar para ambos os sexos. Entre 2000 e 2012, o acréscimo foi de aproximadamente quatro anos – passando de 26,0 para 30,0 anos, para as mulheres, e de 29,0 para 32,7 anos, para os homens. A média de idade masculina ao casar é superior à feminina e sua diferença variou de 3 a 2,7 anos, no período considerado.

O adiamento da formalização matrimonial pode estar relacionado a di­versos fatores, como a maior permanência das pessoas na escola e a presença crescente das mulheres no mercado de trabalho.

Nota-­se elevação particularmente intensa da nupcialidade nas idades adultas. Em 2012, observa-­se aumento no número de casamentos para pessoas de 25 a 44 anos, com destaque para as mulheres de 40 a 44 anos, que dobraram seu quantitativo de casamentos entre 2000 e 2012.

Gráfico 2

Distribuição dos casamentos, por mês de ocorrência

Estado de São Paulo – 2000­2012

Fonte: Fundação Seade.

Para os homens com mais de 45 anos de idade, o número de casamen­tos dobrou em relação a 2000, sendo ainda maior para as mulheres nesta faixa etária, cujo acréscimo foi de duas vezes e meia. Na terceira idade (60 anos e mais) também ocorre expansão importante: de 147,6% entre os homens e de 182% entre as mulheres.

Já para as faixas etárias mais jovens, com até 24 anos, ocorre tendência contrária, com decréscimo no número de casamentos – 17,7% para o sexo masculino e 13,8% para o feminino.

Em 2012, nota­-se que 52,0% dos homens com mais de 45 anos uniram­-­se a mulheres com idades entre 35 e 49 anos, enquanto as uniões com mulheres mais jovens, de até 24 anos, não chegaram a 1,5% do total de casamentos. Esta constatação, de certa forma, contraria o mito de que homens mais velhos preferem sempre se unir a mulheres bem mais jovens. Para os casamentos de mulheres com mais de 45 anos, 78,4% se deram com homens deste mesmo grupo etário.

Observa-­se que, no Estado de São Paulo, ainda predomina o padrão de casamentos entre homens com idades superiores às de suas esposas (66,7%). Mas é importante ressaltar que em parcela significativa das uniões legais tal padrão não ocorre: em cada quatro casamentos realiza­ dos em 2012, um envolveu mulheres mais velhas do que seus maridos. Nesses casos, a diferença entre as idades dos cônjuges foi de 4,5 anos, com uma média de 34,8 anos para as mulheres e 30,3 anos para seus maridos.

Em suma, o estudo das uniões legais indica que, desde os primeiros anos do século XXI, as taxas de nupcialidade no Estado de São Paulo apresentam evolução crescente; ocorre progressivo aumento da idade média ao casar, para ambos os sexos; e o mês de dezembro continua sendo o preferido para o início da vida a dois.

Tabela 1

Casamentos, segundo idade dos noivos

Estado de São Paulo – 2012

Fonte: Fundação Seade.